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Curiosidades

Do caranguejo vermelho ao Cristo cor-de-rosa: as campanhas contra o câncer:

“Cancerofobia! A propaganda é acusada de causar pânico! Só os ignorantes e os nervosos têm medo de tudo na vida! O conselho, a prudência, a sabedoria poderão salvar milhares de vida; Cuidado com charlatões. Só o tratamento científico cura o câncer”. Frases como estas compuseram, na primeira metade do século 20, campanhas educativas contra o câncer produzidas pelo Serviço Nacional de Câncer. A trajetória dessas campanhas, seu papel na política de controle da doença e sua evolução entre 1920 e 1950 são o foco da análise realizada pela historiadora Manuela Castillo e o pesquisador Luiz Antonio Teixeira, da Casa de Oswaldo (COC/Fiocruz), em artigo publicado na revista História, Ciência, Saúde – Manguinhos da Fundação.

 Aqui e abaixo, cartazes educativos do Serviço Nacional do Câncer na década de 1940<BR>
(Acervo família Kroeff)
Aqui e abaixo, cartazes educativos do Serviço Nacional do Câncer na década de 1940
(Acervo família Kroeff) 

“Em relação ao câncer, as primeiras ações educativas surgiram ainda na década de 1920, quando alguns médicos, preocupados com a ampliação dos índices de doença, começaram a elaborar pequenos panfletos orientando sobre a prevenção e o diagnóstico precoce, que distribuíam em seus consultórios”, afirmam os pesquisadores. “Nas duas décadas seguintes, essa prática foi bastante utilizada nos postos e consultórios ginecológicos, com o objetivo de esclarecer as mulheres sobre a necessidade de exames periódicos como forma de detecção precoce do câncer cervical”.
Segundo os historiadores, as campanhas se baseiam, até hoje, em dois pilares conceituais: a prática de hábitos caracterizados pela medicina como saudáveis, a fim de reduzir sua incidência, e o diagnóstico precoce, com base na noção de que quanto mais cedo a doença for encontrada maiores são as chances de êxitos no tratamento. “Essa forma de conceber o controle da doença não é nova, pois, historicamente, a noção de prevenção esteve ligada de modo íntimo ao câncer. Desde o século 18, as ações relacionadas ao meio ambiente, às condições de trabalho e a hábitos saudáveis foram consideradas componentes da única forma de diminuir o risco de se contrair a doença”, comentam os pesquisadores. “Até meados do século 20, a prevenção teve importância equivalente à da terapêutica, uma vez que evitar a doença era, na maior parte dos casos, a possibilidade de salvamento”.
No que diz respeito a ações de maior magnitude efetuadas no setor público, os estudiosos destacam o papel do médico Mario Kroeff, imortalizado na história da medicina por suas ações contra o câncer. “Ex-médico, combatente de nossas brigadas na Primeira Guerra Mundial, Kroeff ingressou na saúde pública em 1919. Desde os primórdios de sua atuação no campo da cancerologia, imputou importante papel às ações educativas que levassem à população a noção, tão cara à medicina da época, de que o câncer, se descoberto em sua fase inicial, poderia ser facilmente curado”, explicam os historiadores. Kroeff fazia parte do Serviço acional de Câncer e estimulou a propaganda educativa junto às instituições que faziam parte da Campanha Nacional Contra o Câncer. “Além disso, seu interesse pelas novas tecnologias fez com que ele colocasse a serviço de sua causa o que havia de mais moderno no campo da comunicação e da informação, como o rádio e o cinema”.
Os pesquisadores ainda apontam que, a partir de 1940, nas exposições e campanhas educativas, veiculadas em diversos meios de comunicação, era comum a utilização de imagens e metáfora específicas. “Em relação às imagens, a mais corrente era a do caranguejo, símbolo da doença e sempre apresentado como figura aterradora, pronta para destruir suas vítimas. Também muito frequentes eram as imagens de feridas e deformações causadas pela doença. Estas eram alvo de críticas de diversos médicos, temerosos de que esse tipo de imagens pudesse favorecer a cancerofobia, afastando a população dos exames e tratamentos”, elucidam os pesquisadores. “No entanto, Kroeff justificava a apresentação desse tipo de imagens postulando que, em vez de afastar a população da medicina, quando apresentadas em correta medida, agia no sentido de alertar a população sobre a doença”.
Outra característica das peças de propaganda era a menção, seguindo o cenário bélico reforçado pela Segunda Guerra Mundial, de que a prevenção era uma verdadeira guerra contra a doença. “As peças chegavam a mostrar aviões de guerra e comparar o trabalho dos médicos ou do organismo às atividades dos soldados durante uma batalha”, dizem os pesquisadores. Outro aspecto interessante dessas campanhas diz respeito à frequente representação de mulheres nos panfletos e cartazes, em virtude de constituírem público fundamental, uma vez que a prevenção ao câncer cervical, a partir da década de 1940, passou a ser importante objeto de postos ginecológicos relacionados à saúde pública.
Educação, comunicação, informação: interfaces das campanhas contra o câncer
Em artigo publicado no mesmo volume da revista, a pesquisadora Vânia Rocha, da COC/Fiocruz, analisou materiais de campanhas educativas para prevenção e combate ao câncer no Brasil, aspecto que considera importante na história do controle da doença. “A história do câncer no Brasil esteve muito relacionada ao esforço em controlar a doença via prevenção, associada ao desenvolvimento de tecnologias para detecção precoce e de práticas terapêuticas”, conta a estudiosa. “O sofrimento causado aos acometidos e a seus familiares e ao alto custo destinado ao tratamento fizeram da doença objeto prioritário nas ações de prevenção promovidas pelo setor público de saúde”.
 Cartazes usados pela Associação Paulista de Combate ao Câncer (acervo Museu de Saúde Pública de SP)
Cartazes usados pela Associação Paulista de Combate ao Câncer (acervo Museu de Saúde Pública de SP)
Além disso, Vânia comenta que o desconhecimento sobre o câncer torna-o suspeito de se tratar de uma doença contagiosa e por esse motivo desencadeou-se o aumento do interesse por medidas preventivas. “É nesse contexto que se iniciam as campanhas de agenda do setor público, com objetivo de levar à população informações sobre as possibilidades de tratamento e cura quando detectado precocemente e de evitar abusos provocados por charlatanismo”, explica a pesquisadora.
Ela indica que, na década de 1960, os materiais educativos passaram por mudanças conceituais. “Nesse período, as campanhas relacionadas ao câncer exploraram novos enfoques. As ideias de ‘pavor’ e ‘morte anunciada’, encontradas na maioria dos materiais educativos, foram, pouco a pouco, sendo substituídas por noções de que existiam recursos disponíveis e avanços no tratamento da doença”, afirma Vânia. “As campanhas buscaram alertar a sociedade sobre moléstia, sem, contudo, alarmar a população. A ênfase na detecção precoce ganhou força, propiciada pelo progresso sobre o conhecimento da doença e pelos novos tratamentos”.
A pesquisadora complementa que é com nessa perspectiva que se inserem os materiais de campanha de prevenção do câncer elaborados a partir dos anos 1990. O foco passa a tender para a ideia de valorização da vida. “Os materiais impressos chamam atenção para a necessidade de manter práticas saudáveis, tais como alimentação adequada, esportes, controle do tabagismo e estilo responsável de vida, no qual exames diagnosticados estão incluídos na agenda do dia”, acrescenta Vânia.
De acordo com a pesquisadora, recentemente, a propaganda televisiva, com grande audiência e que envolvem o público por elementos intelectuais e emotivos, tem ganhado força, assim como ações que grande porte. “Como exemplo de estratégia atual, em outubro de 2008, o Cristo Redentor, no alto do morro do Corcovado, observado à noite, ficava cor-de-rosa. Esse monumento e vários outros, localizados em diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro, receberam iluminação especial com o objetivo de alertar para a necessidade de realização de exames preventivos de câncer feminino”, enfatiza Vânia. “O exemplo indica forte tendência no uso de diferenciadas estratégias de comunicação como forma criativa de conquistar a audiência”.  

Publicado em 1º/7/2010. pela Agencia Fiocruz de notícias
http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home 





INTERVENÇÃO URBANA PARA CONSCIENTIZAR:
 Por muitas vezes o Site Ativa Ação, mostra casos de Intervenção Urbana e Guerrilha.
O impacto dessas ações para quem vê é grande e a capacidade de viralização é diretamente proporcional à criatividade desprendida na idéia, por isso quando bolamos esse tipo de ação não podemos pensar só no público impactado na hora.
Um exemplo disso é esta campanha da New Zealand Breast Cancer Foundation, criada pela Colenso BBDO no ano de 2009
Combate ao Câncer de mama

A ação realizada nas ruas de Auckland na Nova Zelândia, buscava sensibilizar as mulheres atentando para o câncer de mama, com infláveis que representavam a doença e empediam a passagem das pessoas, nos locais onde houve a intervenção. 
Combate ao Câncer de mama2

O foco da ação que foi desenvolvida também para a TV, era de mostrar que no caso do câncer de mama, quanto mais tempo esperar para tomar as medidas, pior é...    
comunicadores cancermama 3 guerrilha comunicacao  The longer you wait the bigger the problem becomes New Zealand Breast Cancer Foundation      

não posso negar q achei interessante e que deveriamos fazer isso no Brasil...
Fonte: Site Intervenção Urbana

 

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